sexta-feira, 25 de novembro de 2011

25 anos do maior abalo sísmico de João Câmara

Os danos na área urbana de João Câmara, ocasionados pelo tremor do dia 30 de novembro de 1986, causaram inúmeros prejuízos à população do municiípio

A Comissão Municipal de Defesa Civil se reuniu na manhã de quarta-feira (16), no gabinete do Palácio Torreão, para programar uma solenidade para o dia 30 de novembro de 2011, data que vai ser rememorado como história que marcou e deu novo rumo a cidade de João Câmara, na região do Mato Grande nestes 25 anos pós abalos.

Uma Audiência Pública no próximo dia 30, às 8 horas, em local a ser definido, irá lembrar o acontecimento trágico que marcou a vida de todos os munícipes e o destino da cidade.

 


Reunião da Defesa Civil define a programação da Audiência Pública

 

A solenidade realizada pela prefeitura local será presidida pelo secretário municipal de Educação, professor Maurício Caetano.

A Comissão Municipal de Defesa Civil que organiza o evento foi representada na reunião por Armistrong Bezerra, Elizângela Trindade, Alexandre, Carlos do Galo, Nildinha Freitas, Bruno, Carlos Miranda e o vereador Raimundo.

Durante muito tempo acreditava-se que no Brasil não ocorria tremores, no entanto, essa afirmação era um tanto quanto precipitada. Foram muitos os tremores ocorridos no Brasil no decorrer da história, com destaque para João Câmara 1986/mb=5,1, sendo a melhor documentada e estudada atividade sísmica já observada no Brasil.

O primeiro evento, sentido pelos moradores e por parte da população de Natal, foi registrado em Brasília, em 21/08/86 e alcançou magnitude 4.3. No mês seguinte (3 e 5/09/86), dois eventos com magnitudes 4.3 e 4.4, também sentidos, provocaram pequenos danos e foram acompanhados por várias outras réplicas. Nas semanas posteriores a sismicidade decresceu, mas, no dia 30/11/86, as 05h 19min 48 s (H.Local), aconteceu o principal tremor de toda a série, com magnitude 5.8 graus na escala Richter (que vai até 9) o que é um tremor muito forte. Ele foi seguido por centenas de réplicas, quatro delas com magnitude maior ou igual a 4.0. Danos significativos ocorreram tanto na área urbana como na rural fazendo com que grande parte da população abandonasse a cidade. O tremor foi sentido em outras regiões do Nordeste, como Recife, Olinda e Campina Grande, em menor intensidade.

 


 

 

Muitas casas desabaram também nos distritos de Poço Branco e Matão, e muitas construções foram abaladas, principalmente as mais antigas. Os serviços de energia elétrica e telefone foram interrompidos durante os primeiro abalos, mas foram restabelecidos posteriormente.

Uma rachadura enorme provocada pelos tremores na igreja Matriz de Nossa Senhora Mãe dos Homens ameaçou fazer desabar a grande torre do campanário. Dos dois hospitais da cidade, apenas o maior, que pertencia a paróquia, continuou funcionando. O outro, que pertencia à Secretaria de Saúde do Estado, foi interditado por medida de segurança pois suas paredes apresentavam grandes rachaduras.

O comércio parou de funcionar, porque as pessoas estavam traumatizadas. Ninguém trabalhou no campo também, porque as pessoas ficaram preocupadas com a família em suas casas.

Ações da Secretaria de Defesa Civil, além de entidades estaduais e federais, ajudaram a minimizar os problemas dos habitantes locais. Os sismos destruíram ou danificaram 4 mil casas e 500 delas foram reconstruídas adotando certas normas anti-sísmicas, desenvolvidas pelo Batalhão de Engenharia do Exército.

Os grupos de sismologia da UnB, da USP e da UFRN desdobraram esforços para documentar, estudar e mesmo orientar  as autoridades diante da constância dos abalos sísmicos. O Presidente da República José Sarney e vários outros ministros visitaram a área atingida. 

PROGRAMAÇÃO DE AUDIÊNCIA PÚBLICA:


- A programação de palestras sobre temas ligados ao fato ficou assim definida:

- Professor Joaquim Mendes (coordenador do laboratório de sismologia da UFRN) abordando o tema sobre sismologia;

- Coronel Dantas (Defesa Civil) com o tema “prevenção”;

- Ariosvaldo Targino de Araújo – Vavá (prefeito de João Câmara) fala sobre sua assistência dada à comunidade como cidadão;

- Mons. Luiz Lucena Dias (pároco da época) defenderá o tema: 1986 a história da resistência;

- O prefeito da época José Ribamar Leite (vereador) foi convidado pela comissão para falar sobre a assistência do poder público às famílias.



Brasil não está imune a terremotos, diz professor da UFRN


Professor Joaquim Mendes acompanha os tremores no Rio Grande do Norte



O diretor do Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), professor Joaquim Mendes Ferreira lembra que o Brasil não está imune aos terremotos. Eventualmente, atividades similares poderão ocorrer em outras cidades brasileiras. Ele diz que os abalos sísmicos podem emergir a qualquer instante e lugar, dessa forma não se deve descartar a possibilidade de ocorrer tremores com grandes conseqüências em algum centro urbano brasileiro.

A pouca incidência de terremotos no Brasil é proveniente de sua localização no centro da placa Sul-americana. A região de João Câmara é considerada sismicamente ativa (sujeita a terremotos) por estar próxima de uma falha geológica.

Os tremores são provocados pela liberação da energia que se acumula no ponto de contato entre duas placas tectônicas (regiões da superfície da Terra que se movem uma em direção à outra). Quando as rochas não suportam mais a pressão acumulada, elas se deslocam provocando os tremores de terra.

Para o professor Joaquim Mendes, os  registros de tremores de terras na bacia potiguar, ocorrem com maior incidência  nos municípios de João Câmara, Taipu, Pedra Petra, Tabuleiro Grande e Poço Branco. Segundo, o professor Joaquim Mendes, a atividade sísmica no RN continua sendo re-gistrada diariamente pelas centrais de monitoramento distribuídas no Estado. “Não temos condição de prever com exatidão quando poderá ocorrer um grande tremor de terra no Nordeste brasileiro, mas estudos mostram que um dia pode-remos ter um abalo desta natureza. Estamos com 16 bases monitorando o nordeste para que possamos nos antecipar dando alertas a população e as autoridades estaduais e federais”, disse o professor.


Efeitos dos tremores atingiram também a zona rural

Fonte: JORNAL METROPOLITANO

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